Tento dar início ao primeiro parágrafo desta crônica. E me confundo, entre início e fim. Hoje foi o fim das aulas do curso de fotografia que iniciei três meses atrás. Tento rememorar quando tudo começou, e me dou conta de que isso foi há muito tempo. Era adolescente quando manifestei o desejo de estudar fotografia. Lembro-me de ter falado dessa vontade para o meu pai (que é artista plástico e também grande fotógrafo) quando ele já não vivia aqui no Brasil, e dele dizendo que eu tinha um olhar delicado para as coisas e para a vida, e que, certamente, seria boa fotógrafa. Bem, isso ainda vamos ver. Soube muitos anos depois que ele havia me enviado de presente uma câmera Laica, que nunca chegou às minhas mãos. Enfim, a vida foi caminhando… cheia de caprichos. E agora aos quase 54 anos de idade, durante uma viagem à Colômbia, meu irmão e minha cunhada, depois de verem algumas fotos minhas, resolveram me encorajar a fazer este curso de fotografia. E por isso estou aqui.
Vejo-me então em uma sala de aula, com vários colegas e um professor de fotografia. Uau! Senti-me insegura e meio assustada diante de todas aquelas pessoas e de toda aquela nomenclatura totalmente nova para mim. O professor, muito brincalhão, lançou-me alguns desafios: aprender como usar uma máquina fotográfica, usar minha sensibilidade para fazer belas fotos, e, o maior de todos, deixar a adolescente que havia dentro de mim, nascer de novo. Foi lindo viver isso! Foi bom ter seguido em frente. Muitos alunos não chegaram ao final do curso. Mas Álvaro, Bruno, Carlos (chamado carinhosamente por todos de “doctor”), Claudia, D´Andréa, Patrícia, Paula e Roberto, ficaram juntos comigo até o fim, e foram arrebatando meu coração a cada aula.
Bem, chegamos ao fim do curso e, como em todo fim, há sempre uma inquietação e também certa tristeza, provavelmente por não sabermos como será o novo início. Espero que seja cheio de encontros e muitas, muitas mas muitas fotografias, lindas e delicadas, assim como eu gosto que seja a vida.
— Monica Iriarte