Conheço esse homem ha 16anos,ele segue um mesmo trajeto,que vai da gavea ao aterro do flamengo,caminha em linha reta,andante solitario,usa a mesma roupa e sapato ate que o tempo gaste todas as custuras.Nada pede,vasculha algumas cestas de lixo,deitado no canteiro central da rua humaita olhava displicente para o ceu…embaixo de uma frondosa sombra…cabelos grandes e desalinhados, a barba grande combina com o ar despreocupado,de higiene,pudor e tantas outras convençoes morais.Sempre que o vejo,fico feliz,acho um grande desafio viver assim,sozinho,sem teto,sem documentos,sem desejos corriqueiros deste consumismo insano,tao comun nos dias de hoje…ele vive concretamente o hoje…parece nada temer,parece nada desejar.Nele deposito alguns devaneios,o ser e o nada,o tempo e o vento,a nausea,o muro,acho que ele e um tipo de anjo caido do ceu…garabombo o guerreiro invisivel…um sem fim de personagens existencialistas ou do realismo fantastico.Acho que as vezes eu o invejo…esta resignaçao,passividade,tambem traz uma placidez diante da verticalidade da vida…viver sem laços,sem amarras,livre…
liberdade,viver sob as estrelas,chuva e sol…ate o fim.