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velha casa · terça-feira junho 14, 2005

fazia muito,muito mas muito tempo mesmo que eu nao via minha avó...seu rosto carinhoso e suave,sempre acolhedor…repleto de um tipo de sabedoria que a transformava numa grande senhora,palavras poucas,pequenas,gestos generosos,respeito ao novo e ao velho…ela era professora…diretora,gostava de ensinar e educar com exemplos…sofrera com grandes perdas ao longo da vida…porem sempre foi esperançosa de um tempo melhor…lutou contra o cancer que a derrotou,uma longa batalha de quase 11 anos…nao acumulou riquezas a nao ser sua vida…
nao lembro exatamente sua partida mas agora lembro com detalhes nosso reencontro…era um sonho…ela estava no corredor que conduzia a entrada do portao da frente passando pela porta principal e levava a entrada um pouco mais a frente…neste local costumavamos sentar apos o almoço e naqueles dias de inverno,ao sol ela descascava bergamotas…eu me aproveitava e sempre esperava pela proxima…por vezes ela so comia a sua depois de nos empanturrarmos…quase sempre trazia um chale nas costas…cor alaranjada como as frutas…fiquei surpreso ao vela…ela gentilmente tocou minha face…aos poucos fui vendo todo o tempo…o terreno ao lado da casa…palco de tantas brincadeiras…a casa dos fundos aonde moravam meus primos…o escritorio do meu avo…que ficava embaixo da casa do tio gazito…la tambem ficavam tesouros em forma de ferramentas que proporcionavam sonhos ambiciosos de construçao…maquinas fantasticas…as rotas de fuga do quarto do sobrado…que terminavam com um pulo corajoso do alto do abrigo do tanque de lavar roupa…enquanto isso a mao dela…os olhos marejados e alegres mostravam a saudade que dorme dentro de mim…de tudo que vivi…da minha infancia querida…do seu colo que mesmo depois de grande sempre foi presentee pra quem eu sempre fui menino,bom menino,embora nem sempre…aos poucos eu via a casa…suas abas de madeiras…grandes janelas e portas…solidez…marca das construçoes do meu avô...construtor pratico…era uma casa de 5 quartos…uma boa lareira…e tantas boas memorias…que privilegio ter vivido naquela casa…que saudade da mina querida avó...enquanto acordava via as portas e janelas se desfazendo…mas a mao dela ainda tocava o meu rosto…talvez para conter as lagrimas inevitaveis de tantas coisas partidas…amor de vó...amor que e meu…

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